sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Fenep: lei de cotas faz País assumir que rede pública é ruim



Da Redação - Terra Educação - 09/08/2012 - São Paulo, SP
Escolas particulares do Brasil estão criticando o projeto aprovado na última terça-feira no Congresso Nacional que reserva 50% das vagas das 59 universidades federais do País a alunos da rede pública. De acordo com a presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) Amábile Pacios, a aprovação da lei faz com que o governo assuma que as escolas públicas do País são de má qualidade. `O que temos que discutir na sociedade não são as cotas, mas por que as crianças de escolas públicas não têm condições iguais às que estão na escola particular`, afirmou.
O que falta para o projeto entrar em vigor é a presidente Dilma Rousseff, que é a favor da iniciativa, sancionar a proposta. De acordo com o governo, a medida amplia o acesso de setores menos favorecidos da população ao ensino superior. `Essa lei, se sancionada pela Dilma, vai dizer primeiro que todos concordam que a escola pública é de má qualidade, o governo vai estar assumindo isso. Segundo, vão estar dizendo que precisam corrigir já que não dão informação, facilitando o acesso dos estudantes à universidade`, disse Pacios.
Para a presidente da Fenep, a escola particular se tornou a única opção para as famílias devido à qualidade do ensino. `Não queremos ser a única opção. Temos interesse na escola pública de qualidade, o que queremos saber é por que os alunos não tem essa qualidade no ensino público`, disse. Além disso, Pacios afirma que a decisão do governo não vai resolver o problema da rede pública de ensino. `Estamos resolvendo uma dívida e já criando outra para resolver no futuro`.
Ela explica que um aluno de rede pública que não tem uma base escolar de qualidade estará sendo prejudicado ao ingressar na universidade e comprometendo na busca de empregos e estudos. `Quando você coloca um aluno de escola pública de má qualidade em uma faculdade de quatro anos, ele levará oito para terminar. A qualidade vai amarrar o aluno na caminhada da universidade`, afirmou Pacios. `Não é fazendo uma lei que vamos corrigir. Temos que melhorar o investimento não só em dinheiro mas em gestão`, concluiu.
Na noite desta terça-feira, os senadores aprovaram o projeto que regulamenta o sistema de cotas raciais e sociais nas universidades públicas federais em todo o País. Pela matéria, relatada pela senadora Ana Rita (PT-ES), metade das vagas nas universidades deve ser separada para cotas.
A reserva será dividida meio a meio. Metade das cotas, ou 25% do total de vagas, será destinada aos estudantes negros, pardos ou indígenas de acordo com a proporção dessas populações em cada Estado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A outra metade será destinada aos estudantes que tenham feito todo o segundo grau em escolas públicas e cujas famílias tenham renda per capita até um salário mínimo e meio.

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