Síntese do Artigo – A Quarta Revolução Educacional: a mudança de tempos, espaços e relações na escola a partir do uso de tecnologias e da inclusão social. por Ulisses F. Araujo*
O artigo tem por objetivo discutir os movimentos de evolução da educação nos últimos séculos buscando demonstrar os antecedentes que configuram o atual impasse que coloca em lado opostos – educação de qualidade X universalização da educação – e como a incorporação de TICs podem ser um dos caminhos para avançar na solução desse impasse.
Apresenta momentos históricos diferentes:
1º momento
A escola como a conhecemos hoje se constituiu nos séculos XVIII e XIX (2ª revolução educacional) com a estruturação dos Estados Nacionais Modernos europeus e o desenvolvimento dos princípios iluministas. Tinha como características:
· Acesso restrito – apenas para filhos da aristocracia e burguesia
· Seu marco inicial foi quando tornou-se obrigatória pelo Estado (Prússia – sec. XVIII)
· Configurou-se como um novo modelo pedagógico e arquitetônico (salas de aula)
· O centro do novo modelo é o PROFESSOR – responsável pela transmissão dos conhecimentos aos alunos
· Bibliotecas eram poucas e os livros eram raros e caros
· Alta seletividade – apenas uma minoria da população estudava
· Salas eram pequenas
· Turmas formadas por poucos alunos
2º momento
A partir da 2ª metade do século XX (3ª revolução educacional) os sistemas educacionais buscam atingir 100% de escolarização do ensino básico
o Processo de consolidação das democracias no ocidente
o necessidades de mão – de – obra qualificada do novo estágio do capitalismo monopolista (desenvolvimento do toyotismo)
Conseqüências:
o universalização / rompimento com homogeneização
o inclusão da diversidade em sala de aula: mulheres, crianças provenientes de famílias pobres, minorias étnico – sociais, com diferenças físicas, sociais, econômicas, psíquicas, culturais, religiosas, etc.
Problema: A universalização e democratização do ensino X baixa qualidade
3º momento
Segundo o autor, é preciso reinventar o modelo de educação atual (4ª Revolução Educacional), tendo em vista a sociedade do século XXI. Para isso é necessário transformar as seguintes dimensões do processo educacional:
· Conteúdo - ética e responsabilidade social, a qual deve contemplar (no ensino superior) 4 tipos de aprendizagem:
o A cultura humana, o mundo físico e natural
o Habilidades intelectuais e práticas
o Estudos gerais e especialidades
o Responsabilidade pessoal e social
· Forma – repensar os tempos, os espaços e a relações nas instituições de ensino
o Incorporar transformações tecnológicas
o Introdução de ODL – open and distance learning e TICs
· Relação entre docentes e discentes
o Fazer a inversão da relação ensino – aprendizagem: foco na aprendizagem e no
o Protagonismo do aluno que passa a ser sujeito da educação
· Pressupostos dessa concepção
o Papel do professor: MEDIADOR
o Sujeito ativo – aluno autor do conhecimento e não mero reprodutor
o Metodologia ativa de aprendizagem
o Aprendizagem baseada em resolução de problemas concretos
o Trabalho com grupos pequenos
o Semi – presencial
o Interdisciplinaridade
o Uso de Vídeo – aulas / linguagem televisiva
o Trabalho em grupo
· Cita como exemplo de aplicação da ABPP um curso de pós graduação latu sensu oferecido pela USP denominado Ética, Valores e Saúde na Escola.
O autor apresenta o que denomina como “Quarta revolução educacional” e afirma que é necessário “reinventar a educação”. Descreve os movimentos de evolução da educação nos últimos séculos buscando demonstrar os antecedentes que configuram o atual impasse que coloca em lado opostos – educação de qualidade X universalização da educação. Apresenta como um dos caminhos para este impasse um modelo que rompe com a escola tradicional criada nos séculos XVIII e XIX, e propõe mudanças nas dimensões do conteúdo, referindo-se a ética e responsabilidade social no ensino superior; na forma como se dá o processo de ensino – aprendizagem, com transformação radical dos tempos e espaços e incorporação das Tecnologias de Informação e Comunicação. Transformação na relação docente-discente, tirando o foco do professor como agente transmissor de conhecimento, dando ênfase no protagonismo do aluno como autor do próprio conhecimento. Este modelo começou a ser implantado e pesquisado em diversas universidades públicas e privadas do Brasil e do mundo. Caso se torne uma tendência educacional, no médio e no longo prazo, quais seriam suas relevância de fato para superar o impasse educação de qualidade X universalização da educação nos ensinos fundamental e médio? Será viável nesses níveis de ensino?
* ETD - Educ. Tem. Dig., Campinas, v.12, n.esp. , p.31-48, mar.2011 - ISSN: 1676-2592.
* ETD - Educ. Tem. Dig., Campinas, v.12, n.esp. , p.31-48, mar.2011 - ISSN: 1676-2592.
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